No dia 2 de agosto de 1989, em Recife, morria, vítima de parada cárdio-respiratória, o maior representante da cultura popular brasileira. Hoje, 20 anos depois, é dia de homenagear Luiz Gonzaga do Nascimento, o grande Rei do Baião. Será que os brasileiros sabem valorizar sua memória?
O que eu, Adriana Caitano, acho de Luiz Gonzaga*:
Para os nordestinos, principalmente os mais velhos, Luiz Gonzaga foi um pai, foi quem mostrou ao mundo que eles existiam e o valor da cultura de lá. Para o Brasil, Luiz Gonzaga foi um marco. A música brasileira se divide entre antes e depois de Gonzagão, não seria a mesma sem ele. E para os jovens forrozeiros de hoje, que não o viram vivo, ele é quase um santo, um mito mesmo, que parece renascer toda vez que alguém no mundo ensaia uns acordes em uma sanfona.
O velho Lua foi o responsável por mostrar ao restante do país o valor do povo nordestino. Ele foi o primeiro a falar sobre o Nordeste verdadeiro em suas músicas, falou da seca, das dificuldades pelas quais o nordestino passa. Levou ao Sudeste a música que ele ouvia quando criança e conseguiu ficar famoso com ela. A música brasileira não seria a mesma sem ele.
Até hoje suas canções são lembradas e regravadas por artistas de todo tipo. Até em japonês já gravaram uma música dele e recentemente o grupo O Rappa fez uma versão bem moderna para Vozes da Seca. Luiz Gonzaga também foi exemplo de vida, pela força com que encarou doenças, dificuldades, falta de reconhecimento. É, sem dúvida, um mito que deveria ser mais lembrado e cultuado por todo brasileiro.
Explicando Gonzaga (e o movimento pé-de-serra):
Luiz Gonzaga é considerado um dos maiores mitos da música brasileira, fez muito sucesso dos anos 50 aos 80, e difundiu os ritmos nordestinos Brasil afora. Ele criou a ideia de se chamar o forró autêntico, o que ele costumava fazer, de forró pé-de-serra. O ritmo ainda é lembrado pelos nordestinos, que tentam deixá-lo vivo apesar das misturas que o forró sofreu. O período em que mais se ouve forró no país é o de festas juninas. Mas ele não existe só nessa época e nem só no Nordeste.
Em Brasília e em todo o Sudeste, há um grupo de jovens que deixou as influências modernas de lado e resolveu pesquisar e reviver aquele forró tradicional, o pé-de-serra de Luiz Gonzaga, com triângulo, sanfona e zabumba (importante: o que caracteriza o forró pé-de-serra não é necessariamente a quantidade de instrumentos, mas a forma como a música é tocada). Esses jovens fazem parte do movimento pé-de-serra, ou a nova geração do estilo. Eles são mais que apaixonados, são viciados por essa cultura de raiz.
A maioria deles escuta forró o dia inteiro, vai ao forró quase todo dia, viaja para os festivais de forró pelo menos três vezes por ano e lá ficam ouvindo mais e mais forró, 24 horas por dia! Eles são de uma verdadeira comunidade. Mesmo morando em estados diferentes, todos se conhecem, trocam informações, ficam amigos mesmo. E as bandas não ficam fora disso, lá longe no palco, não. Todos os integrantes dos grupos musicais desse estilo são amigos entre si e muito próximos do público. Quase não há diferença entre eles – público, bandas -, são uma coisa só, praticamente.
O mais curioso disso tudo é que, para esses jovens, quanto mais antiga for a música, melhor. Eles escutam e regravam canções feitas quando eles nem sonhavam em nascer por artistas que ou estão bem mais velhos, como Mestre Zinho, ou até já morreram, como Marinês, Jackson do Pandeiro, Ary Lobo...
Saiba mais sobre o rei:
Você, forrozeiro ou admirador de Gonzaga, aproveite esse período de saudade para saber mais sobre o velho Lua. Procure vídeos no youtube, leia as letras, ouça as músicas e pesquise sobre sua vida. Comece pelo site www.luizluagonzaga.com.br, onde há histórias, vídeos e músicas dele. Se quiser ir mais a fundo, leia o livro "Vida de Viajante, a saga de Luiz Gonzaga", que é a melhor biografia feita sobre o rei.
*(entrevista dada a um repórter do Jornal de Brasilia e do site da Rolling Stone)
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Ainda coloco aqui os versos feitos por Reginaldo Silva, que foi amigo e produtor de Luiz Gonzaga. Na entrevista que ele nos deu para o filme Por Amor ao Forró, ele disse:
“Luiz Gonzaga foi uma fonte,
onde muitos beberam água.
Hoje a fonte está vazia,
só a lembrança deságua.
Mas, se preservarem,
um dia a água volta e não se acaba”.
Ele ainda disse, pra encerrar:
"Cada um de nós é um Luiz Gonzaga. E enquanto existir um Luiz Gonzaga, o forró está vivo."
Não deixe a memória de Gonzagão morrer! VIVA LUIZ GONZAGA!
Deixe nos comentários a sua homenagem!
**não se esqueça da referência se for reproduzir este texto, usei mesmo minhas palavras para escrevê-lo!
Um comentário:
Parabéns pela homenagem a maior simbolo da cultura popular deste país. Ficou perfeito!
Luciano Lima
Blog Corrente Juventude
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