quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Por amor ao forró" está no ar!!!!

Estou eufórica! E quem lê este blog vai me entender direitinho. Depois de dois anos, finalmente um amigo - o Kiko da Forroots, de Curitiba - conseguiu colocar meu filho no ar. Explico.

Em 2008, eu e meu amigo Galton Sé passamos o ano inteiro dormindo e acordando por um sonho: nosso projeto final sobre a nova geração do forró pé-de-serra. Se um dia alguém nos achou loucos de gostar tanto desse estilo, assistindo a ele entenderá o que realmente significa o forró para os forrozeiros. É algo mais forte que gosto musical, que vontade de dançar ou de ir a uma balada. Talvez vendo essas cenas essas pessoas poderão ter uma noção do que me motivou a escrever meu post anterior.

O nome do filme é “Por Amor ao Forró”, documentário feito como projeto final de Jornalismo, na UnB, em 2008, junto com meu amigo Galton Sé. A qualidade técnica não é das melhores, mas ele já rodou o mundo e recebo pedidos de cópias do país inteiro quase todo dia. É uma daquelas coisas que nos fazem ter certeza de que somos capazes de fazer algo muito legal ao menos uma vez na vida. Infelizmente, não dá pra mudar mais nada, mas aceito críticas...

Divirtam-se e compartilhem. E, Kiko, muuuuuuuito obrigada por realizar esse sonho!!!

POR AMOR AO FORRÓ - Parte 1




POR AMOR AO FORRÓ - Parte 2



POR AMOR AO FORRÓ - Parte 3

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Rootstock 2010: quando me (re)apaixonei pelo forró

Rootstock 2010 - Show do Trio Alvorada na beira da piscina
Meu corpo está extremamente cansado. Na última semana (como nos últimos meses), dormi pouquíssimo e trabalhei demais. Apesar de feliz profissionalmente, não tenho tido tempo para muitas das coisas que gosto ou gostava, o que inclui o forró. Isso me fez ir deixando ele cada vez mais de lado na minha vida. E aos poucos fui achando que nem era mais tudo aquilo que eu achava. Enjoei, perdeu a graça, sei lá.

Só que o último fim de semana me causou um efeito transformador: fui para o Rootstock! Por causa do trabalho, perdi uma noite e um dia do evento, mas, ainda assim, foi intenso e valeu muito a pena! Assisti a incríveis shows do 3 do Nordeste, Trio Nordestino (que me surpreendeu com tanta animação), Duani, João Silva (nesse me emocionei muito me lembrando do Mestre Zinho) e tantos outros que são sempre bons [trecho atualizado na quarta, dia 13, às 14h20]. Vivenciei coisas que estavam esquecidas dentro de mim. Vi amigos que me fazem muita falta. Ouvi músicas que me fazem chorar. E chorei quando vi tudo isso junto no mesmo lugar. As lágrimas eram de saudade, de tristeza por não ter aquilo sempre e de alegria ao mesmo tempo, por ter a oportunidade de estar lá.

Conversei com pessoas que colocaram o forró como foco de suas vidas. Não se importam com a falta de dinheiro e conforto. Não ligam para as exigências sociais. Elas vivem a paixão, dedicam-se ao que acreditam. E por isso admiro tanto cada uma delas. São corajosas e apaixonadas, como eu gostaria de ser bem mais.

Ao voltar de lá, fiquei pensando em quanto aquela mistura de classes sociais, cores, estilos e sotaques me fascina. Essa família forrozeira que já me trouxe tanta alegria provou que não tem fim. Uns enjoam, se afastam, dão um tempo. Enquanto outros chegam animados, cheios de energia. E há muitos que nunca desistem. É um ciclo infinito. Bonito de se ver.

Hoje, pensando nessa relação visceral e apaixonada que todos temos pelo forró, deixei minha imaginação fluir e fiz um texto meio poético sem querer, comparando o forró com uma história de amor. Interpretem como quiserem e, se não entenderem, não se preocupem. Nem eu entendi muito bem... (risos).

Amor tatuado
Por Adriana Caitano

Observe uma pessoa apaixonada de verdade. O sorriso dela parece ter se fixado no rosto, nunca sai dali. O corpo é agitado, ansioso, quer se expressar, gritar para o mundo seu amor. E os olhos então? Eles brilham, explodem de alegria sem a necessidade de uma palavra sequer. E, quando as palavras saem, vêm como melodia, poema, têm gosto de brigadeiro, cheiro de rosas, cor de felicidade. São única e exclusivamente voltadas para o amor.

Durante dias, semanas, meses ou até anos essa pessoa pensa, respira, dorme, vive seu amor. Não tem outro assunto, outra ocupação. É exagerada sem medo. Para muitos dos que convivem com ela, parece chata. Qualquer segundo que lhe sobra da rotina endurecida e cinza que possa ter, ela dedica ao amor. E são momentos coloridos, vibrantes, inesquecíveis. E se esse amor acabar? Se ela descobrir que aquilo tudo passou como um sonho? Não importa. Ela continua amando e sabe que vive com a intensidade que só um apaixonado sabe viver.

Pode ser mesmo que o amor perca um pouco a força, se esconda ou fique completamente esquecido lá no fundo. Mas, para o apaixonado, as lembranças são o prêmio ou castigo por ter amado tanto. Pode não haver fotos ou vídeos que registrem sua paixão. Só que um dia essa pessoa, que pensava ter conseguido esquecer aquele amor, reencontra-se com ele e com tudo o que o lembra. O coração transborda novamente quando a memória resolve reativar seus arquivos sentimentais. E tudo o que estava ali esquecido, guardado para nunca mais, vai se refazendo em sons, imagens, cheiros e gostos de tudo o que ela viveu por aquele amor. Não tem remédio. Está marcado para sempre, tatuado – muitas vezes com tatuagem de verdade. E ela vive aquilo intensamente de novo, sem pensar no ontem ou no amanhã.

Em algum momento, ela descobre que a sensação de não caber dentro de si não é exclusividade sua. Quando encontra alguém que compartilha de todos aqueles sentimentos e que é capaz de fazer loucuras muito maiores pelo seu amor, sente-se pequena. Como pôde ter amado tão pouco? Como pôde ter deixado a rotina abafar o que sentia? É aí que ela se reapaixona, não só por aquele antigo alvo. Mas pelo amor dos outros. É tão lindo ver a devoção de alguém pelo que ama! E é maravilhoso ter certeza de que ninguém precisa entender o motivo da sua entrega, da sua adoração, nem ser convencido de que deve também amar.

Seu amor também não precisa te retribuir por ser tão amado. Porque o verdadeiro apaixonado sabe que o simples fato de ter vivido para sentir tudo aquilo já bastou. E, mesmo que guarde esse amor no fundo do baú das memórias, morrerá feliz por um dia ter amado de verdade...





PS: Essa tatuagem não é minha, mas de uma amiga forrozeira de Brasília a quem admiro muito por todos os motivos citados acima... Tatuagem inspirada na música Por Amor ao Forró, de Pinto do Acordeon ("Já cantei, já sorri, já chorei, tudo só por amor ao forró...")