Fazendo uma busca na internet esses dias, achei uma matéria na parte de Turismo da revista Época sobre Itaúnas. Não sei quando foi feita (parece que início de 2008), mas ainda é super atual. Discreve bem como é a vida dos forrozeiros naquela vila.
Quem não foi nem vai desta vez, dá uma lida pra sentir o que está perdendo e programe-se para a próxima. Quem está de malas prontas, vai tendo um gostinho... Leia também a matéria que eu escrevi ano passado quando era estagiária do G1 sobre o Festival de Itaúnas 2008 . Também serve para se ter uma ideia do que é aquele paraíso.
Boa viagem para quem vai e boa semana para quem fica (veja o próximo post, tem dicas pra vocês).
Matéria da Revista Época:
O paraíso dos tímidos
Está sozinho(a) e quer conhecer gente? Em Itaúnas é tudo mais fácil. Convide-a(o) para dançar. Ela(e) não vai recusar. Não pode
por RICARDO FREIRE
Apesar de ficar a apenas 280 quilômetros de Vitória - mais ou menos a distância entre São Paulo e Paraty -, a vila praiana de Itaúnas, na divisa do Espírito Santo com a Bahia, funciona num fuso horário todo seu. Nas férias de janeiro e de julho, às 8 da noite, quando o resto do Brasil vai para a frente da TV, meia Itaúnas vai dormir. Entre meia-noite e 2 da manhã, quando o país se deita, em Itaúnas ouvem-se rádios-relógios e celulares apitando nas pousadas. É hora de levantar e ir para o forró. São dois: o Bar do Forró e o Buraco do Tatu, que se revezam a cada noite e têm música ao vivo - forró tradicional, pé-de-serra - até o sol raiar. Já ouviu falar de forró universitário? É em Itaúnas que ele vem passar as férias, movido a xiboquinha (cachaça com cravo, gengibre e ervas) e catuaba (vinho de maçã com extrato de guaraná). O arrasta-pé na vila só não atravessa o dia e vira rave de forró porque a Justiça determinou que os altos-falantes sejam desligados às 5 da manhã, dando ao pacato cidadão itaunense alguns momentos de lusco-fusco para tentar pegar no sono.
Às 6 o relógio de Itaúnas volta a coincidir - por poucos instantes - com o relógio do Brasil, e a rapaziada toma café-da-manhã ao mesmo tempo que seus pais e avós em Belo Horizonte ou São Paulo. Aí, quando em outras cidades litorâneas os turistas se aprontam para pegar uma praia, os forrozeiros de Itaúnas se preparam para encarar uma cama. A hora do almoço no Brasil é que é a hora de ir à praia em Itaúnas. Mas as areias só lotam mesmo às 2 da tarde - quando começa o forró de frente para o mar.
Ir à praia significa sair da vila, atravessar a ponte sobre o Rio Itaúnas, caminhar uns dez minutos pela estradinha de terra, e então encarar o personagem que determinou o destino da vila: a duna. Na década de 40, o desmatamento desenfreado fez com que a duna avançasse sobre o vilarejo, então localizado na margem norte do Rio Itaúnas. Lentamente a areia foi entrando nas casas e devorando terrenos - até que, nos anos 60, a cidade precisou se mudar para a margem sul do rio.
Desde 1991 a duna faz parte de um parque estadual que abrange manguezais, alagados e trechos de Mata Atlântica. Por isso é proibido o tráfego de veículos pela duna; os quiosqueiros transportam bebidas e alimentos em carroças puxadas por burros. Graças ao parque, Itaúnas não sofre com pragas comuns a outras dunas, como buggies e esquibunda. (Sim: Itaúnas é totalmente esquibunda-free!) Lá embaixo, na praia, sete barracas bem estruturadas disputam a preferência dos andarilhos. Algumas, como a Barraca do Itamar e a Barraca do Zeka, se esmeram na cozinha e aceitam cartão de crédito. A conjunção do pé-de-serra com o pé-na-areia, no entanto, se dá na Barraca do Coco. Ali, em vez de serviço de bordo, oferece-se sanfona, zabumba e triângulo até o anoitecer. A banda que abre os trabalhos, às 2 em ponto, é formada pelos filhos do dono da barraca - mostrando aos universitários que forró, em Itaúnas, se aprende no maternal. Enquanto a azaração rola na areia, o chão do quiosque vira um salão de baile - palco de uma das modalidades de dança mais arriscadas para execução em público: o forró de sunga. Um perigo!
MAPA DA AZARAÇÃO
Boa notícia para os tímidos: nos forrós de Itaúnas é uma gafe alguém recusar uma dança. Faz parte da etiqueta local: pediu, levou. A segunda música, porém, vai depender, digamos, da performance do pretê. Itaúnas é um lugar para chegar em turma e acabar em dupla. Para quem está acostumado a noites de música eletrônica, a diferença é da água para... a catuaba. Não há ensimesmados dançando sozinhos sob o efeito de sabe-se lá o quê. No Buraco do Tatu (27) 3765-5258 ou no Bar do Forró (27) 3762-5018 sobram casais que não se conheciam até três músicas atrás, mas que parecem feitos para ficar agarradinhos - pelo menos até dali a cinco músicas. De todo modo, é bom lembrar que uma noite de forró dançada como se deve é extenuante. Para garantir que, com ou sem companhia, você vá dormir bem, faça uma reserva com antecedência numa pousada como a Casa da Praia - que fica à beira-rio e faria bonito em qualquer um dos vilarejos mais estilosos do sul da Bahia (www.casadapraiaitaunas.com.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário