quarta-feira, 24 de junho de 2009

Forró pé-de-serra no Correio Braziliense!!!

Como prometido, o Correio Braziliense fez uma matéria super bacana sobre nosso querido forró. Depois de mais de um mês de explicações e sugestões, nós, forrozeiros, fomos capa do caderno de cultura (Diversão & Arte) desta quarta-feira, dia 24 de junho, dia de São João!

Só tenho a agradecer ao Sergio Maggio (sub-editor), para quem foi entregue a sugestão, o Rosualdo Rodrigues (que registrou tão bem nosso "mundo") e a fotógrafa Monique Renne. O texto está tão bom que nem preciso dizer muito. Só fazer uma errata: quem estava tocando no Arena eram Os 4 Mensageiros, não Cavaleiros. O restante está bom demais... Confiram:

É são-joão o ano todo!

Alheios a modismos, jovens classe média de Brasília cultuam o autêntico forró pé-de-serra em encontros semanais

por Rosualdo Rodrigues





Quinta-feira, 23h42. Na sede do Arena Futebol Clube, Setor de Clubes Sul, o grupo paulista Os 4 Cavaleiros sobe ao palco e é recebido com palmas e gritos entusiasmados da plateia. No primeiro forró, cerca de três dúzias de casais já rodopiam pelo salão, aquecidos pelo som do DJ que rolava desde as 22h. Ao pé do palco, um animado aglomerado de pessoas assiste à apresentação, mãos para o alto, fazendo coro ao refrão “o cheiro da menininha é um cheiro diferente/ o cheiro da menininha é um cheiro diferente…”. Parece show de rock.

E a euforia não tem necessariamente a ver com a data de hoje, dia de são-joão. O ano todo, semanalmente, a cada quinta-feira, média de 500 pessoas, a maioria entre 20 e 30 anos, comparece ao Arena do Forró. Muitos repetem a dose no dia seguinte, no Forró Ispilicute, do Clube Cota Mil. Mas quando inaugurou o projeto do Arena, o produtor Gilson Mendes, 43 anos, não imaginava que estava dando início a um fenômeno curioso: o apaixonado culto de jovens brasilienses de classe média ao forró pé-de-serra, como é chamada a tradicional música nordestina que tem na base sanfona, triângulo e zabumba. Favor não confundir com “forró universitário”. Os forrozeiros fervorosos agradecem.

No entanto, o culto não se limita aos encontros semanais. Procurar raridades do gênero em velhos discos de vinil e tomar excursão de ônibus para participar de festivais de forró em cidades como Itaúnas (ES), São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte é comum para esse público. “São pessoas esclarecidas que percebem que o que se ouve por aí é comercial e sentem necessidade de resgatar as raízes, o original”, define a jornalista Adriana Caitano, 23 anos, forrozeira assumida.

O interesse de Adriana pelo forró começou assim: entusiasmada com as aulas de dança na hora do almoço, na UnB, onde estudava jornalismo, resolveu ir sozinha em uma excursão para o Festival de Forró de Itaúnas, no litoral do Espírito Santo. No ônibus, ouviu pela primeira vez a música da paraibana Marinês. “Era um disco antigo, com aquele chiado de vinil, e todo mundo vibrava, mas estranhei. Forró para mim era Falamansa, Forroçacana. Depois é que entendi que aquelas pessoas tinham interesse em toda uma cultura. A maioria começa a se interessar por meio da dança, mas depois descobre que o forró é algo maior.”

O contato despertou o interesse na então estudante em entender melhor aquela paixão. E assim o assunto virou tema de seu projeto de fim de curso, o videodocumentário Por amor ao forró. Feito no ano passado em parceria com o colega de turma Galton Sé, 24 anos, o filme de 25 minutos viaja dos forrós brasilienses a Itaúnas para mostrar essa tribo que conhece de cor letras de forrós de artistas como Trio Nordestino, 3 do Nordeste, Marinês e sua Gente, Zinho, Edson Duarte e, claro, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, além de saber separar joio e trigo no assunto. “Se eu trouxer um grupo ruim, só para preencher a programação ou ganhar dinheiro, vou ouvir muita reclamação”, diz Gilson, explicando o nível de exigência dos forrozeiros.

Na verdade, a paixão de jovens pelo forró pé-de-serra não se restringe a Brasília, se espalha por Centro-Oeste e Sudeste, fazendo com que uma rede de contatos se estabeleça a partir dos encontros nos festivais. “Hoje tenho amigos no Rio, em São Paulo e Belo Horizonte que conheci no forró”, conta Adriana. A amizade também se dá entre público e bandas, grande parte delas radicada em São Paulo, embora Brasília também tenha seus grupos: Forró Lunar, Xote o Mundo, Raízes do Sertão… E se não tem sanfoneiro, cabe ao DJ segurar a animação. É quando entram em cena Leozinho Pé-de-Serra, Lêu, Chico Gorman, Cacai Nunes. Cada um com seu perfil, pode tocar só pé-de-serra ou ser mais flexível. “Mas pé-de-serra é diferente. A sensação é de estar no Nordeste, no interior”, ressalva Adriana Caitano.

AMANTES DO FORRÓ

Paixão no braço


O DJ Carlos Caddah, 24 anos, toca de tudo, de acordo com a festa para a qual é contratado, mas a paixão verdadeira ele traz tatuada no antebraço. Lá está escrito “pé-de-serra”. Carlos chegou ao forró levado pelo irmão, após um término de namoro. Virou paixão. “Toco house, technohouse, mas o forró é tem mais alegria”, avalia. Além de tocar, é pé-de-valsa… Ou melhor, de forró. Ano passado, ele ganhou um concurso de dança em Ilha Grande (RJ).

Aonde o forró está

A psicóloga Tatiana Moreira, 26 anos, frequenta os forrós desde 2003. Já foi ao Forró do Magnata, em São Paulo, a um festival em Santana do Parnaíba, ao Forró da Melancia, em Belo Horizonte, e, claro, a Itaúnas. Antes de descobrir o pé-de-serra, curtia “forró estilizado”, como ela chama o que tocava em lugares que frequentava, como Don Taco e no Café Cancun. Já tem tudo acertado para voltar a Itaúnas este ano.

Ritmo do triângulo

Eder Rogério, 24 anos, o Rogerinho, estava no Exército quando se apaixonou pelo forró, há seis anos. Largou a carreira militar para viver de música. Toca triângulo na Raízes do Sertão, a banda de Brasília que mais repercute fora daqui. “O forró me mudou”, assegura. Em julho, a Raízes toca em duas casas de forró de São Paulo: Remelexo e Forró de Celinho. As expectativas também estão voltadas para a Itaúnas. “Mandamos uma música e vamos ser o único grupo de Brasília no festival”, prevê.

Dicas de forrozeiro

* Os forrós do Arena e Ispilicute são mais fiéis ao pé-de-serra. No Caribeño toca mais forró universitário.

* Mulher que vai ao forró de salto alto demonstra que não tem intimidade com o ritmo. Forrozeira autêntica usa sapato baixo ou sapatilha.

* A galera que fica perto do palco demonstra que é mais ambientada no forró. Os que ficam no fundo do salão ou estão indo pela primeira vez ou são frequentadores eventuais.

* A dança dos forrozeiros do Sudeste e Centro-Oeste é diferente do miudinho dos nordestinos. Geralmente é mais devagar e cheia de volteios.

* As excursões para os festivais são oportunidade de se entrosar com outros forrozeiros. Um pacote para Itaúnas, em julho, custa em média R$ 700.

ONDE DANÇAR

* Forró Iscundidin — Clube do Rocha, Setor de Clubes Sul. Não acontece toda semana. Ingressos a R$ 5 antes das 21h e R$ 10 após as 21h. Universitários com carteira de estudante têm desconto de R$ 5 após as 21h.

Quinta-feira

* Arena do Forró – Arena Futebol Clube, Setor de Clubes Sul, trecho 3. A partir das 22h. Ingressos a R$ 15 (homem) e R$ 10 (mulher). Homens podem pagar R$ 10 se incluírem nome na lista no site www.arenadoforro.com.br.

Sexta-feira

* Forró Ispilicute — Clube Cota Mil, Setor de Clubes Sul, trecho 3. Das 20h às 3h. Ingressos: R$ 10 (homem) e R$ 5 (mulher) até 22h. Depois, R$ 15 (homem) e R$ 10 (mulher). Não recomendado para menores de 18 anos.

Domingo

* Forró Sol e Lua – Caribeño, Setor de Clubes Sul. A partir das 16h. Até 18h, homem paga R$ 10 e mulher, R$ 5. Depois, eles pagam R$ 15; elas, R$ 10. Não recomendado para menores de 18 anos.

Itinerante e sem data

* Forró Discreto, projeto recente que acontece pelo menos uma vez por mês em algum lugar do DF. Já foi a Águas Claras, Lago Oeste e Guará.

Veja trechos do videodocumentário Por amor ao forró, de Adriana Caitano e Galton Sé. Saiba também onde estão os festivais pelo país.

2 comentários:

Edson disse...

Pessoal, nesta quarta (dia 1º) vai ter 1ª edição do Forrologia. Na UnB (no teatro de arena, espaço atrás do ICC norte).

Apareçam lá! Não paga nada pra entrar. É só chegar e dançar!

PARA VER imagem de divulgação:
http://img150.imageshack.us/i/forrologiaflyer.jpg

Edson disse...

o link da imagem é este: http://img31.imageshack.us/img31/8003/forrologiaflyer.jpg