domingo, 23 de maio de 2010

Prepare-se pra dançar forró no período junino!

Todos os anos, quando está chegando o período junino, o forró começa a aparecer na imprensa, as academias de dança ficam mais cheias e todo mundo parece se lembrar de como esse ritmo é delicioso. Neste domingo (23/05), o jornal Correio Braziliense publicou uma ótima matéria para quem quer aprender a dançar a tempo das festividades de São João. A repórter Marina Severino conversou comigo e com vários professores da cidade sobre o assunto. O resultado está abaixo.

Fique pronto para o forró

O são-joão está chegando! Está na hora de aprender a dançar e fazer bonito nas festas de arrasta-pé da cidade

por Marina Severino // Fotos: Daniel Ferreira/CB/D.A Press

Xote, xaxado, pé-de-serra, coco, forró universitário e eletrônico. Se perder nos nomes é fácil, quem dirá confundir os ritmos. Sob a herança do baião, jeito de tocar criado pelo sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga, quem curte um bom forró avisa aos novatos que em tempos de festa junina, não tem por que se intimidar: são dois para lá e dois para cá.

“Dançar forró é simples.” A resposta, padrão, sai da boca de professores de dança e de iniciantes, como o casal B ernardo Portela, 25 anos, e Cristina Castilho, 26. Namorados há dois anos, eles tinham pouco costume de dançar, e se atreviam a alguns passos em aniversários e festinhas. Para um arrasta-pé de verdade, foram apenas uma vez. “Todo mundo sabe forró, mesmo sem praticar. Você começa tímido, olha um pouco os outros e vai para a pista. Não faz feio, a música coordena o ritmo”, garante Bernardo.

Com um pouco de treino, o moço — que na dança recebe o nome de cavalheiro e a responsabilidade de guiar a parceira — resolve que é hora de dar uns giros, fazer umas firulas para sair do básico. Mas se a coisa complica, não é feio pedir ajuda. “Começamos a fazer aulas de dança há três semanas justamente por isso. Você vê as pessoas girando com passos bonitos e quer imitar, mas não sabe como. Nas aulas, aprendemos que existem alguns truques, como pisar no lugar certo, e o resto sai”, conta Cristina.

O ideal é começar pelo xote, ritmo dançado ao som de zambumba, triângulo e sanfona. As marcações, mais lentas, exigem os básicos dois para lá, dois para cá. O forró universitário, que acrescenta contrabaixo e violão aos instrumentos tradicionais, também cai como uma luva para iniciantes, e evolui para passos para frente e para trás. “Dali, você pode tentar o giro mantendo o mesmo estilo de passadas e, com um pouco mais de prática, pode tentar as populares batidas de cintura”, explica o professor Israel Szerman, da Companhia de Dança Marcelo Amorim, na Asa Norte.

Quem já conhece o básico pode atrever-se em outros estilos. Os professores garantem que não é ofensa dançar com seu par de um jeito quando a música, por tradição, pede outra forma de condução. “O baião, por exemplo, também tem passo quartenário, com dois para lá, dois para cá. A diferença está na cadência musical, que demanda uma passada mais rápida que a outra. Com um ouvido atento acompanhando a banda, isso sai naturalmente”, afirma o professor William Santos, da academia Corpos em Par, de Taguatinga.

Nas festas juninas, valem as mesmas regras do salão. Dançar sempre com o mesmo parceiro é bobeira. A etiqueta permite trocas ao começo de cada música. Se a dupla tiver boa química, vale segurar o parceiro um pouco mais, mas nunca a noite inteira.

Arriscar é preciso
No baile de arrasta-pé, o segredo é dar adeus à timidez. “Aprenda a ter ritmo e os passos básicos numa academia, frequente muitos forrós e observe muito”, recomenda a jornalista e documentarista Adria na Caitano, que destrinchou a rotina dos amantes do pé-de-serra no videodocumentário Por amor ao forró (2008), em parceria com Galton Sé. Segundo ela, o estilo dançado nas festas do Centro-Oeste e do Sudeste descende do forró de Itaúnas (ES), cuja regra principal é o sentimento. “Os dois ficam bem grudados, sem rebolar. Às vezes, há leves movimentos do quadril dela com a cintura parada. Se for um xote, ficam de olhos fechados e bem juntinhos. É uma cena romântica e sensual ao mesmo tempo.”

Até junho, deve-se ficar atento às quermesses, que já começam a ocorrer em igrejas e escolas. Nesses eventos, o ritmo comumente tocado ao vivo é o arrasta-pé, que embala as quadrilhas. Mas com a popularização de ritmos híbridos, forró universitário e eletrônico também podem aparecer sob as batutas dos DJs. “No eletrônico, de bandas como Calcinha Preta e Mastruz com Leite, é permitido rebolar e fazer passos extravagantes. Quem dança esse estilo tem o hábito de fazer um passo tremido, requeb rando rapidamente os quadris”, define Adriana. O ritmo, entretanto, é pouco popular entre os tradicionalistas, que preferem clássicos de Luiz Gonzaga.

Antes da prova de fogo, é recomendável treinar nas festas semanais. No Arena do Forró, que ocupa o Arena Futebol Clube toda quinta-feira, sanfona, triângulo e zabumba são reis. Recanto de tradicionalistas, o espaço mistura os pés mais calejados com tímidos iniciantes. Há parcerias com academias de dança, o que atrai gente com vontade de ensinar e aprender. No dia seguinte, o ritmo pega fogo no Forró Ispilicute, no Clube Cota Mil. Quem chega cedo participa da aulinha de forró, às 20h30. Desse jeito, todo mundo sai dançando!

Assista videoaula com o professor Israel Szerman:





PASSO A PASSO: O PROFESSOR ISRAEL SZERMAN E A ALUNA BEATRIZ VASCONCELOS

1 Para o passo básico frontal, o cavalheiro dá um passo à frente com a perna esquerda e conduz firmemente com a mão esquerda, que segura a mão da parceira.

2 Após pisar à frente com o pé esquerdo, ele volta para trás. A condução deve ser firme com a mão direita, nas costas da parceira, que acompanha o passo com a perna direita.

3 Agora é a vez de o pé direito do cavalheiro ir para trás, sempre acompanhado pelo passo da parceira.

4 O pé direito do homem retorna a frente e, logo após, o casal retorma à primeira posição. Recomeça o passo básico.


Dicas

» Trocar de parceiro é essencial. Homens que dançam sempre com a mesma parceira perdem a chance de melhorar a forma de guiar. Já as mulheres, adquirem vícios de condução.

» Os rapazes devem segurar com firmeza na cintura da parceira, mas nunca enrijecer a condução.

» As melhores dançarinas são aquelas que se deixam levar. Dama que assume a condução dos passos induz o parceiro a erro e perde em leveza.

» Quando o passo exige distanciamento, co mo giros, a troca de olhares é o charme que não pode faltar e aumenta a confiança do casal.

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