sábado, 29 de agosto de 2009

Crítica de Ariano Suassuna sobre o forró atual

Está rolando um texto na internet atribuído a Ariano Suassuna e que tem dado o que falar. Não consegui descobrir onde ele foi publicado primeiro, mas o vi em vários blogs por aí. Quem me mandou foi minha amiga Joana Alencar. Vou publicá-lo aqui sem ter a real certeza de que foi ele mesmo que escreveu. Mas vale pela reflexão. Não vou comentar tanto o texto porque ele está muito claro, nem precisa. Só digo que me sinto feliz por fazer parte dos que ainda sabem valorizar o verdadeiro forró.
Peço os comentários de vocês, leitores. Concordam com ele?

Crítica de Ariano Suassuna sobre o forró atual

Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma plateia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando- se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde.

Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo est tico. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na plateia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna


Observação feita por Raquel Xavier Quirino, que enviou o e-mail para quem me mandou:

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calipso, que ele achava (e deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou. (...)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Cultura popular - Festival de Bonecos!!

Quem gosta de forró, gosta de cultura popular e de tudo que vem das raízes do nosso povo. Então, deixo aqui mais uma dica superbacana de manifestações bem brasileiras (e de outros países também) que estarão presentes no gramado da Funarte Brasília e no Teatro Plínio Marcos até dia 30. Tem teatro de bonecos, shows e muito mais. Tudo de graça!!

Abaixo, o release:

Funarte Brasília recebe VIII Festival Internacional de Teatro de Bonecos até 30 de agosto

A Funarte Brasília recebe, de terça (25) até domingo (30), o Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Brasília 2009. O evento busca fazer a síntese de diversas linguagens, desenvolvendo variadas manifestações da cultura popular. A grande novidade deste ano é a participação dos grupos internacionais, além de grupos do Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal.

O evento contará, ainda, com as Casas dos Saberes, localizadas na Praça das Identidades Culturais, composta por 13 casas de taipa, dentro do espaço denominado Vila Cassemiro Coco. A Vila, montada na área externa do Complexo Cultural Funarte Brasília, é uma espécie de cidadela que abrigará uma série de atrações paralelas voltadas às manifestações de cultura popular, como oficinas de brinquedos artesanais, rodas de conversas, exposições de fotografias, cerâmicas, comidas típicas, roupas. Dentre as Casas dos Saberes, duas chamam atenção pelo nome e função: A "Casa Grávida" (ou das boas notícias), em que escritores e contadores de histórias darão "à luz" a contos, lendas, crendices populares; e a "Casa da Fofoca", espaço criado para receber a imprensa.

Também haverá a tradicional cozinha da roça, que todo ano serve café feito no fogão a lenha para quem passa pelo festival. O espaço contará, ainda, com uma capela intitulada Igreja de São Benedito, na qual artistas e visitantes podem fazer suas preces. São Benedito é o santo homenageado em uma das manifestações populares do Festival: o Tambor de Crioula, do Maranhão.


VIII Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Brasília

De 25 a 30 de agosto
Terça a domingo, a partir das 10 horas
Classificação indicativa: Livre
Entrada Franca

Local: Teatro Plínio Marcos e área externa
Endereço: Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural (entre o Centro de Convenções e a Torre de TV) - Brasília (DF)
Telefones: (61) 3037-8606 / 9658-7113

PROGRAMAÇÃO

Terça-feira (25)

Teatro Plínio Marcos
19h - Sobrevivendo - Lambe- Lambe (BA)
O Vestido - As Caixeiras (DF)
20h - MicroCircus/Manualist - Figurina/Hungria/Vila Cassimiro Coco

Quarta-feira (26)

Teatro Plínio Marcos
10h - Espalhando Sonhos - Seres de Luz (Argentina)
15h - Sopa - Cachiporra (Uruguai)
21h - Sopa - Cachiporra (Uruguai)

Tenda João Redondo
10h - Casamento de Chiquinha muito prazer filha do coronal João Redondo com Tião sem Sorte - Mamulengo Alegria (DF)
15h - Kruvikas - Kossa Nostra (Argentina)
20h - Babau - Clóvis (PB)

Circo dos Mamulengos
10h - Cassimiro Coco - Toni Bonequeiro (CE)
15h - Teresinha, história de amor e perigo - Teatro Filhos da Lua (PR)

Vila Cassimiro Coco
19h - A Dança do Parto - Lambe- Lambe (BA)
Priscila a Perereca - As Caixeiras (DF)
20h - João Redondo - Josivan de Chico de Daniel e Daniel Neto (PB)
22h - Forró - Asa Branca (DF)

Quinta-Feira (27)

Teatro Plínio Marcos
10h - Teresinha, história de amor e perigo - Teatro Filhos da Lua (PR)
15h - Historias para Imaginar - Cia. Comediantes Liberarte (Chile)
21h - Storie di Pulcinella - I Teatrini (Itália)

Tenda João Redondo
10h - Babau - Mamulengo Mulungu (DF)
15h - Pedro e o Lobo - Cia. Titeritar (DF)
20h - Circo AutoMóvel - Sorriso Feliz Criações Artísticas (DF)

Circo dos Mamulengos
10h - Benedito e o boi pintadinho - Pilombetagem (DF)
15h - Marmelada.com Histórias - Fábrica de Teatro (DF)

Vila Cassimiro Coco
19h - Dom Quixote - Lambe- Lambe (BA)
A Mensagem - As Caixeiras (DF)
22h - Dança do Lili - Grupo Kizomba (MA)

Sexta-Feira (28)

Teatro Plínio Marcos
10h - MicroCircus / Manualist - Figurina (Hungria)
15h - As aventuras de Cassimiro Coco - Cia. Calunga (PI)
21h - Cage - Collectif Detruitu (Bélgica)

Tenda João Redondo
10h - Exemplos de Bastião - Mamulengo Sem Fronteiras (DF)
15h - Sacy Pererê - Cia. Lumbra (RS)
20h - Kruvikas - Kossa Nostra (Argentina)

Circo dos Mamulengos
10h - A historia do vaqueiro Benedito na chapada do corisco - Mamulengo Fantochito (PI)
15h - Mamulengada - Aguinaldo Algodão (DF)
21h - Histórias de Lunas Calientes - Tatu Teatro (Uruguai)

Vila Cassimiro Coco
19h - O Bordel / Império dos Sentidos - Lambe- Lambe (BA)
19h - Ataque de Nervos - As Caixeiras (DF)
20h - Casamento de Chiquinha muito prazer filha do coronal João Redondo com Tião sem sorte - Mamulengo Alegria (DF)
22h - Boi do Seu Teodoro (DF)

Capela de São Benedito
20h30 - Tambor de Crioula de São Benedito (MA)

Sábado (29)

Teatro Plínio Marcos
16h - Sacy Pererê - Cia. Lumbra (RS)
21h - Circo de Madeira - Karromato (Republica Tcheca)

Tenda João Redondo
16h - Dom Chicote - Roupa de Ensaio (DF)
20h - Minha Favela Querida - Sorriso Feliz Criações Artísticas (RJ)

Circo dos Mamulengos
15h - Exemplos de Bastião - Mamulengo sem Fronteira (DF)
21h - Historias para Imaginar - Cia. Comediantes Liberarte (Chile)

Vila Cassimiro Coco
16h - Roda de Mamulengo (Mestre Clóvis (PB), Zé Lopes (PE), Mamulengo Presepada (DF), Bibiu (PE))
19h - Lambe-Lambe (BA)
O Bordel / Império dos Sentidos
Sobrevivendo
A dança do Parto
Dom Quixote
19h - As Caixeiras (DF)
Ataque de Nervo
O vestido
Priscila a perereca
A mensagem
20h - Festa de são sacode na fazenda do Manoel Pacaru - Zé Lopes (PE)
22h - Boi da Liberdade (MA)
Samba do Recôncavo (BA)
Cia. Artcum - Forró (DF)

Domingo (30)

Teatro Plínio Marcos
16h - Circo de Madeira - Karromato / Republica Tcheca

Tenda João Redondo
16h - Kruvikas - Kossa Nostra (Argentina)

Circo dos Mamulengos
16h - Salada de Palhaços - Circo Boneco e Riso (DF)

Vila Cassimiro Coco
15h - Lambe- Lambe (BA)
O Bordel / Império dos Sentidos
Sobrevivendo
A dança do Parto
Dom Quixote
15h - As Caixeiras / DF
Ataque de Nervo
O vestido
Priscila a perereca
A mensagem
15h - Folia do Divino / GO
Zé do Pife e as Juvelinas / DF (Cozinha da Roça)
16h - Orquestra PopularMenino de Ceilândia / DF
17h - Cassimiro Coco - Toni Bonequeiro / CE
18h - Samba do Recôncavo / BA

Apresentação de pífanos no CCBB. Último dia!

Pessoal,
desculpem-me por avisar tão tarde, mas vale a pena conferir.

Hoje é o último dia para assistir às apresentações de grupos de pífano - instrumento de sopro feito com bambu - pelo projeto epifanias do Centro Cultural Banco do Brasil. As bandas Cabaçal, Ventoinha de Canudos e Zé do Pife e as Juvelinas se apresentam às 13h e às 21h. A primeira sessão é gratuita e a outra custa R$ 7,50 a meia entrada.

Confira o release do evento:

Epifanias

Epifanias - do latim “epiphania” e do grego “epipháneia”. Significa aparição, manifestação divina, ou ainda festividade religiosa com que se celebra essa aparição. O projeto Epifanias se despede de Brasília na próxima terça-feira, dia 25 de agosto, quando sobe ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil mais uma atração. O último show do projeto receberá a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto para duas sessões, uma gratuita às 13h e outra às 21h com ingressos a R$ 15,00, a inteira. As bandas Ventoinha de Canudo e Jovelinas e Zé do Pife fazem participação especial.
A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto mescla intuição com modos ancestrais de dançar e imitar animais. No palco, o público poderá ouvir uma forma bem peculiar de tocar pífano e conhecer danças e trejeitos bem particulares que os diferencia de qualquer outra banda de pífanos. O grupo já gravou três discos: um compacto lançado pelo Ministério da Educação e Cultura em 1978; um disco gravado a pedido do Governo do Ceará em 1999; e Forró no Cariri, gravado no mesmo ano. O Cabaçal dos Irmãos Aniceto também já se apresentou ao lado de nomes como Hermeto Pascoal, do Quinteto Violado, além de ter participado do espetáculo Ciranda dos Homens, Carnaval dos Animais, do coreógrafo Ivaldo Bertazzo.

O projeto Epifanias
A ideia é do curador e idealizador do projeto, Alexandre Pimentel, que pretende traçar um painel sobre o pife ou pífano, instrumento utilizado em diversas manifestações musicais da cultura popular brasileira e que vem, pouco a pouco, resgatando e ampliando seu papel nas mais diferentes formações musicais. “Buscamos promover um encontro entre os mais significativos grupos e tocadores em atividade no país que desenvolvem trabalhos que tenham o pífano como instrumento fundamental”, afirma Alexandre.

Entre os convidados de Epifanias estão os mais experientes tocadores de pífanos, como o grupo de jovens Flautins Matuá e algumas tradicionais bandas de pífano do Ceará, Alagoas e Pernambuco. “Com este projeto, pretendemos dar continuidade ao trabalho de pesquisa que desenvolvemos sobre as origens e a importância de alguns instrumentos populares em nossa música, as suas diversas utilizações, as diferentes composições formais e regionais”, completa Alexandre, que também esteve à frente dos projetos Viola Brasileira (CCBB RJ/2000), Rabequeiros (CCBB RJ/2002) e Artesania Sonora (CCBB SP/2006).

Sobre o instrumento e as bandas de pífano
O pífano é um tipo de flauta, geralmente feito de taquara, ou taboca (espécie de bambu), mas que também pode ser de metal, osso de animais ou mesmo de PVC. É encontrado em três tamanhos: o chamado régua inteira, o três quartos e o meia régua. O som do pífano muda de acordo com o tamanho. Cada pífano tem, geralmente, sete orifícios, sendo seis para os dedos e um para os lábios (sopro). O segredo, tanto da confecção quanto da execução do instrumento é passado de pai para filho.

Alguns autores remontam as origens do pífano à herança indígena. Outros à época dos primeiros cristãos, que tinham no instrumento uma maneira de saudar a Virgem Maria nas festas natalinas. Na feição nordestina, a banda de pífanos é uma criação do mestiço brasileiro, que com sua criatividade e intuição musical adaptou o instrumental, dando-lhe a forma típica pela qual é conhecida. A banda de pífanos é um conjunto instrumental de percussão e sopro, dos mais antigos, característicos e importantes da música de tradição popular no Brasil.

Por toda a região Nordeste do Brasil e nos estados de Minas Gerais e Goiás são usados vários termos para denominar o conjunto: Banda de Pífanos, Banda de Pife, Música de Pife, Zabumba, Cabaçal, Esquenta-Mulher, Banda de Negro, Terno, Banda de Couro (Goiás), Musga do Mato, Pipiruí (Minas Gerais).

Assim como a sua denominação varia, a sua composição também tem sensíveis diferenças, mas seus instrumentos básicos são dois pífanos, um surdo, um tarol e um bombo ou zabumba. Em Pernambuco, normalmente é composta por dois pífanos, uma caixa, um bombo, um surdo e um tambor. Em Alagoas, além dos instrumentos básicos acrescenta-se um par de pratos e em certos grupos um triângulo e até um maracá – espécie de chocalho indígena – para maior sonoridade. No Ceará, geralmente também acrescenta-se prato e triângulo e em Sergipe o triângulo e o ganzá. Em Goiás, a Banda de Couro, com é chamada é composta por bombo, caixa ou tarol e viola.

Epifanias –25 de agosto, terça-feira, às 13h e às 21h. Ingressos para a sessão das 21h: R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia). Sessão das 13h, grátis.
Informações: 3310-7081

Raízes do Sertão no Arena, quinta, dia 27

Nesta semana, os forrozeiros vão se sentir em casa no Arena do Forró. O quarteto brasiliense Raízes do Sertão – vice-campeão no Festival de Itaúnas de 2009 – é a atração única e especial da quinta-feira mais animada da cidade. Com uma história emocionante e vitoriosa, o grupo que saiu da periferia do Distrito Federal tem sido elogiado por produtores e forrozeiros de todo o país e ganhado cada vez mais espaço também na terra natal.

Quarteto Raízes do Sertão (DF), vice-campeão do Festival de Itaúnas de 2009: experiência em lidar com situações inusitadas

Quando começou, em 2006, o Raízes do Sertão era um quinteto, formado por violão, zabumba, viola, triângulo e percussão. A pedido de fãs e amigos e também com o interesse pelas origens do forró pé-de-serra, o grupo passou por transformações até chegar ao formato de hoje: triângulo (Rogerinho, também vocalista), sanfona (Vavá), zabumba (Lacraia) e bandolim (Carlinhos) - todos moradores de cidades satélites do DF, como Samambaia e Ceilândia.

As mudanças acompanharam a maturidade dos músicos, que passaram a ser cada vez mais respeitados pelo público da própria capital. Principalmente depois de um episódio, há cerca de dois anos, no maior estilo “males que vêm para o bem”: a queda de energia durante um show. Naquela situação, outras bandas poderiam guardar os instrumentos e ir embora, mas o profissionalismo do Raízes falou mais alto. Os meninos desceram do palco e animaram a festa no escuro mesmo, e sem microfones. Foi um sucesso.


Em abril de 2009, a cena se repetiu, dessa vez durante o festival Rio Roots, no Rio de Janeiro. A luz acabou quando o Raízes estava no palco, pronto para tocar. Mas eles já eram craques em tocar num legítimo "forró do apagão" e começaram a esquentar os instrumentos ali mesmo, baixinho. Com o pique que só os brasilienses têm a favor deles, não foi difícil fazer um forró animado na capela e contagiar os cariocas, paulistas, mineiros, baianos e capixabas que estavam no local.

Quando a energia voltou, o Raízes já estava com pique total e fez um show inesquecível e muito elogiado, que lhes rendeu o convite para tocar em São Paulo, no Forró de Magnata e no Remelexo Brasil. Em julho de 2009, o talento do quarteto foi reconhecido com um prêmio. Depois de apresentações inesquecíveis que levantaram o público de todos os estados, o Raízes do Sertão conquistou o título de segundo melhor grupo do Festival de Forró Itaúnas, o maior do estilo no país, uma competição entre 24 bandas selecionadas.

Em Brasília, eles têm público cativo que os acompanha em apresentações nos melhores forrós da cidade e em grandes eventos, como o Encontro do Nordeste. Com a bagagem cheia e a qualidade musical, o Raízes do Sertão já é revelação que tem feito história no meio forrozeiro de todo o país. No fim da semana, o grupo segue para Pirenópolis, para participar do ForróPiri.

Serviço:

Quinta-feira (27/08)

Raízes do Sertão (DF), 2º lugar em Itaúnas – forró pé-de-serra

Local: Arena do Forró – Arena Futebol Clube, Setor de Clubes Sul, trecho 3

Horário: A partir de 21h

Entrada: R$ 15, descontos no site www.arenadoforro.com.br

Informações: 9982-0123 ou www.arenadoforro.com.br

CI: 18 anos



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ROOTSTOCK 2009! Novidades, impressões, dicas...

Demorei a tocar no assunto, mas aqui estamos. Vamos falar de Rootstock 2009! (Vou deixar pra falar de Camping Roots depois porque o Rootstock tem uma campanha que precisa de atenção primeiro).

Como a maioria de vocês, queridos leitores, devem saber, o Rootstock 2009 está marcado, com programação bonitinha, com excursões feitas (inclusive a de Brasília - outro post) e uma novidade. Vamos por partes.

O Rootstock é um festival de forró pé-de-serra feito anualmente em um sítio de Cabreúva, interior de São Paulo. Ele não tem data certa para acontecer, mas nunca falha. Esta será a sétima edição! O nome é bem sugestivo e indica o clima do evento. Roots vem de raiz e geralmente está associado a algo, alguém ou algum lugar que cultive tradições. Está muito ligado ao movimento rastafári também, é até o nome de um subgênero do reggae (que usa muito o termo). A palavra também é usada para definir alguém que não se preocupa com roupas de grife, com moda, tem um estilo bem "zen" ou "relax".

A parte -tock do nome do festival vem de Woodstock, sim aquele festival legendário que completa 40 anos neste mês. Foi "o" acontecimento da juventude da época, uniu gente de todo canto num sítio, sem preocupações com conforto e limpeza, que ficavam ouvindo música 24 horas durante três dias. Qualquer semelhança com os festivais de forró de hoje não é mera coincidência.

Nos roots forrozeiros também ficamos dias mergulhados num mundo alternativo, onde só há amigos, curtição e muuuito forró. O sítio não é um hotel 5 estrelas, é simples, mas aconchegante, um ambiente gostoso, tranquilo. Tem espaço pra camping, com chuveiros coletivos, e chalés arrumadinhos. E forró de dia, na beira da piscina!

O que há de novo?
A novidade na edição deste ano é a participação do público na escolha das atrações. Quem visitou o site do Rootstock , já viu que lá tem uma lista enorme de bandas e trios já conhecidos da maioria e que mereciam tocar no evento. Mas os djs Ivan e Tick, organizadores do Roots e donos do site Forró em Vinil , decidiram criar um mini-festival virtual em que os jurados são os próprios forrozeiros.

Tem pra todos os gostos. Raízes do Sertão, de Brasília, que ficou em 2º lugar em Itaúnas-2009; Dona Zaíra, de Piracicaba, que ficou em 3º; Trio Araçá (1º lugar em Itaúnas em 2005); e vários outros que já estiveram em Itaúnas, como Trio Maracaia, Forró Fulero, Trio Remelexo, Quarteto Capixaba, Três Tinguá, Trio Caeté, Trio Botando Quente... enfim, entre lá e vote no seu preferido.

Além do grupo escolhido, há os que já estão na programação sem discussão. Confira abaixo. Quem quiser ir ao festival, dê uma olhada no site do evento e no post que coloco nos próximos dias sobre a excursão Rootstur saindo de Brasília. Mas no próprio site oficial do Roots tem dados de excursões de todo o país.
Querem uma dica? Quem vai ao Rootstock não se esquece jamais! É simplesmente maravilhoso! Mas tem que ter sangue roots, porque isso fica claro até nas músicas selecionadas pelos DJs: só pedrada!

Agora, a programação confirmada:
Mestre Zinho
Edson Duarte
Trio Dona Zefa
Trio Xamego
Pisamaneiro
Rouxinol Paraibano
Trio Sabiá
Trio Araripe
Benício Guimarães
Zé Paraíba
Trio Potiguá
Trio Juriti
Trio Alvorada
Forrobodó
Trio Lampião
DJ Tick
DJ Ivan
DJ Alambique
DJ Vinny
DJ Rogerinho

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dona Zaíra (SP) volta a Brasília depois do 3º lugar em Itaúnas

Nesta semana, o Arena do Forró recebe um grupo já conhecido do público brasiliense que volta à cidade depois de ficar em terceiro lugar no Festival Nacional de Forró de Itaúnas, em julho. O quinteto Dona Zaíra, de Piracicaba (SP), conquista cada vez mais admiradores e já é considerado uma das maiores revelações do forró pé-de-serra do Centro-Sul do país.

Conheça o grupo:

Em 2004, cinco amigos de Piracicaba - interior de São Paulo - perceberam que a paixão pelo mesmo ritmo os unia e fizeram dela o combustível para um trabalho feito com muito prazer. O autêntico forró pé-de-serra foi a base do grupo, mas a formação foi inspirada nas gravações de alguns ídolos, utilizando cinco instrumentos, sem perder as raízes dos arranjos tradicionais.

O quinteto Dona Zaíra começou a tocar na garagem da casa de um deles e, em pouco tempo, conquistou a confiança do público. Com a experiência adquirida nos palcos, eles largaram as outras profissões para se dedicarem ao forró. O esforço valeu a pena. Em 2008, o grupo foi selecionado para participar do Festival de Forró de Itaúnas. A oportunidade lhes trouxe muitos convites e a chance de tocar em lugares como Brasília.

Em 2009, eles tentaram mais uma vez e ficaram em terceiro lugar entre as 24 bandas de todo o país que competiam no maior festival de forró do Brasil. Na lista de inspirações do quinteto, estão grandes nomes do forró como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Genival Lacerda, Trio Nordestino, Os 3 do Nordeste, Assisão, Marinês, Gordurinha, Jackson do Pandeiro e Edson Duarte. Os meninos também bebem de outras fontes, como Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Demônios da Garoa e o quinteto 4 Ases e um Coringa. É baseado nos dois últimos que o Dona Zaíra faz o trabalho vocal que se tornou a marca do grupo. Além de trabalhar no lançamento do primeiro CD, eles já se preparam para a gravação do segundo, que deve ficar pronto em 2010.

Rafael Arthuso “Baby” (zabumba e voz) é compositor da maioria das músicas do quinteto, músico desde os 16 anos e fez aulas de percussão na Escola de Música de Americana (SP).

André Tagliatti (sanfona e voz) é músico desde os 12 anos, cursa o último ano de acordeon na Universidade Livre de Música em São Paulo e dá aulas do instrumento Piracicaba-SP. Foi indicado a melhor sanfoneiro no Festival Nacional de Forró de Itaúnas 2009.

Matheus Tagliatti (contrabaixo e coro) também atua na música desde os 12 anos, hoje tem aulas de baixo no Conservatório de Música de Tatuí e dá aulas de contrabaixo em Piracicaba-SP.

Rafael Barros (cavaco e coro) é formado em cavaco pelo Conservatório Musical de Tatuí, atualmente cursa bandolim no mesmo conservatório. Foi terceiro colocado no ano de 2009 no concurso Nabor Pires de música instrumental.

Diego Araújo (triângulo e coro) está envolvido há mais de 10 anos com o forró pé-de-serra, com diversos trios e bandas. Atua com pesquisas na área de manifestações culturais.

Serviço:

Quinta-feira (20/08)

Quinteto Dona Zaíra (SP)

Local: Arena do Forró - Arena Futebol Clube – Setor de Clubes Sul, trecho 3

Horário: A partir das 21h

Ingressos: R$ 15, desconto com o nome na lista.

Informações: 9982-0123 ou http://www.arenadoforro.com.br/

CI: 18 anos

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Novo forró de quarta no Calaf: Forrofiá!!




Todo mundo reclamou quando o forró de quarta-feira no Calaf acabou. Mas é hora de comemorar porque ele está de volta, totalmente reformulado, com outros produtores e uma proposta um pouco diferente. O forró de quarta-feira agora se chama Forrofiá!

O Forrofiá começa nesta quarta-feira, dia 19, às 22h, com a banda Forró Lunar, o Trio Balanceado e o DJ Leozinho Pé-de-Serra. Na primeira edição, os grupos tocam juntos. A partir da segunda, eles vão se revezar por semana. Mais adiante, haverá convidados ilustres do meio artístico de Brasília.

A banda Forró Lunar é velha conhecida dos brasilienses, caracteriza-se pela proposta de misturar o forró a outros ritmos brasileiros, como a MPB, o samba e o choro. O grupo já tem dois CDs gravados – Xote na Lua e Por Todos os Cantos - e foi finalista do Festival de Forró de Itaúnas 2008. Formação: Thiago Lunar (voz, violão e guitarra), Figura (triângulo e percussão), Giggio (zabumba e percussão), Merê (contrabaixo), Lico do Acordeon (sanfona) e Fernando Vaz (flauta transversal).

O Trio Balanceado investe no típico formato do forró pé-de-serra – triângulo, zabumba e sanfona – e tem apostado na mistura com outros instrumentos regionais, como pandeiro, cavaco e violão de sete cordas, tocados por amigos convidados. Hoje, a formação do Balanceado é Juninho (sanfona), Reginho (zabumba – ex-3 Matutos, da Bahia) e Vavá (triângulo, que também é o sanfoneiro do Raízes do Sertão). O grupo tem em seu repertório canções de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino, Assisão, Gordurinha e outros.

Serviço:
Projeto FORROFIÁ (o Forró de volta ao palco do CALAF)
Show com os grupos FORRÓ LUNAR e TRIO BALANCEADO.
Nesta quarta, 19/08, a partir das 22h.
Couvert: R$ 10 (preço único) / Grátis para as 50 primeiras MULHERES.
Classificação Indicativa: 18 anos
Informações: 8151-1456 / 9614-1234 / 8138-1819 ou www.calaf.com.br

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dominguinhos no Jô Soares

Nesta segunda-feira, o Jô Soares novamente abriu espaço no programa dele para o forró pé-de-serra: entrevistou o Dominguinhos. Há um tempo Genival Lacerda foi lá também, assim como a Elba Ramalho. Mas as conversas nunca vão muito longe porque o Jô parece ficar só no senso comum. Apesar de extremamente competente e culto, ele não demonstra entender muito de música mais popular. Uma pena.

Não culpo ele, que sabe de muita coisa, mas não tem como saber de tudo, claro. O pessoal da mídia no geral não dá mesmo muita atenção ao que não conhece. Seria necessário alguém chegar lá e explicar a eles a importância disso tudo, da cultura popular, do forró, do samba, de tantas coisas que são importantes pra tanta gente e nem todo mundo sabe, não é?

Pois bem, há cerca de dois meses, eu entreguei pessoalmente para uma jornalista famosa que é amiga do Jô e da produção dele um kit para sugerir a eles que falassem do forró pé-de-serra atual no programa. O kit tinha os dois CDs do trio Dona Zefa, um CD do Meketréfe (o único que eu tinha ganhado dos meninos no último show deles em Brasília e estava autografado!), uma cópia do filme Por Amor ao Forró e duas cartas bem organizadinhas explicando o que é o forró pé-de-serra, como ele se manifesta hoje no centro-sul do país, quem são os destaques da nova geração (coloquei um resumo de cada trio mais conhecido entre o nosso meio forrozeiro) e a importância de dar destaque a isso tudo. Parecia perfeito, era certeza de que isso chegaria às mãos de quem de direito.

Mas, para minha decepção, a produtora que recebeu o material não se empolgou muito, duvido que tenha lido alguma coisa e simplesmente disse que não gostava muito de forró e que não era um tema que tinha a ver com o programa, ou algo assim. Até hoje, quando vejo entrevistas no programa sobre assuntos que não afetam a vida de ninguém, que não têm a menor graça, fico sem entender o critério da produção... Só que eu não desisti! Um dia vai dar certo... Assisto ao Jô quase toda noite, me divirto às vezes, me revolto outras e me emociono também. Como me emocionei ao ver Dominguinhos contando histórias no pouco tempo que lhe deram lá.
Consegui resumir uma parte da conversa aqui:

Entrevista do Dominguinhos ao Jô Soares:

Ao ser chamado pelo Jô, Dominguinhos chegou naquela simplicidade que lhe é típica, sentou-se e logo colocou a velha companheira no colo. “Aos 68 anos, dá preguiça de ficar carregando uma sanfona de 13 quilos, né?”, comentou. “É por isso que no grupo tem sempre um rapazinho pra carregar”. Foi aí que ele apresentou os músicos que o acompanhavam, entre eles, Fúba de Taperoá, o grande tocador de pandeiro, primo do Zito Borborema. Mas o rapazinho era o trianglista, Fabinho, eu acho.

Seu Domingos explicou a diferença entre um gaúcho tocando uma sanfona (ou até uma gaita, aquela pequena sanfoninha deles) e um nordestino. Os gaúchos tocam mais forte, como se estivessem com pressa. “O forró é mais chorado, é uma safadeza só”, disse enquanto mostrava a diferença no fole. Nessa hora, mostraram um trecho do filme O Milagre de Santa Luzia, que participou do Festival de Cinema de Brasília em 2008, deve estrear em alguns cinemas do país até setembro (Brasília não está na lista :/) e registra uma viagem do Dominguinhos pelo país mostrando as sanfonas e os jeitos de tocar por aí.

Dominguinhos contou que a última vez que ele viajou de avião foi com Luiz Gonzaga, logo, tem mais de 20 anos, claro. Ele contou que o velho Lua lhe falou:“Dominguinhos, esse é o melhor meio de transporte do mundo. Nele viajam José Sarney, Ulysses Guimarães e outros desses, se ele não cai com essas pestes, vai cair com a gente?”.

Fora o pouco espaço para as milhares de histórias que ele tinha pra contar, Seu Domingos também tocou alguns clássicos, coisa rápida também. Teve Lamento Sertanejo, Forró no Escuro - o primeiro forró que Dominguinhos gravou com Luiz Gonzaga – e Eu só Quero um Xodó - que foi feito para a Marinês e o Gilberto Gil, quando ouviu, gostou e começou a cantar.

Enfim, foi uma curta passagem do nosso representante por lá, mas valeu muito pelo espaço. Quem sabe não abre o caminho para seus seguidores...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Por Amor ao Forró em festivais de cinema!

Quando algumas pessoas pediram uma cópia do filme Por Amor ao Forró logo que ele ficou pronto, eu e o Galton dissemos que primeiro íamos inscrevê-lo em festivais e, por isso, tínhamos que mantê-lo inédito por um tempo. Mandamos o filme para vários festivais e não tínhamos sido selecionados até hoje.

Mas finalmente conseguimos. No 14º Festival Brasileiro de Cinema Universitário (FBCU), no Rio de Janeiro, não estamos competindo, mas o filme vai passar lá hoje, dia 4/08, às 14h30, na sala de cinema 1 da Caixa Cultural, e na sexta-feira, dia 7/08, às 19h na sala de vídeo da Caixa Cultural. A versão que vai passar lá é reduzida, de 20 minutos.

E pela primeira vez o filme vai competir, na 9ª Mostra Taguatinga de Cinema! Por Amor ao Forró faz parte do programa 5 do evento e vai ser exibido na próxima quarta, dia 12/08, às 12h, e no sábado, dia 15/08, às 20h, sempre no Teatro da Praça, no centro de Taguatinga-DF. A versão que vai passar lá é a original mesmo, de 28 minutos.

Espero que algum amigo forrozeiro possa ir a alguma dessas sessões para nos contar como foi a reação do público, já que, provavelmente, nem eu nem o Galton poderemos assistir à sessão, infelizmente. Mas na premiação estarei lá, muitíssimo feliz só por ter conseguido fazer mais um tanto de pessoas conhecerem nosso querido forró pé-de-serra!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Maior São João do Cerrado começa dia 5/08!

Atualizando informações sobre a festa:
1 - não consegui descobrir ainda o horário que começa o evento. Quando eu souber, coloco aqui :P

O site oficial do evento é http://www.edilane.com.br/teste1/, onde há a programação completa. Lá eu vi como a coisa vai ser grande. Apresentações circenses, forró de todos os tipos, concurso de dança para idosos, artesanato e até casamento coletivo... Tem show do Nivaldo do Acordeon, Dona Gracinha, Forró Lunar, Trio Siridó, Paulinho do Forró e um monte de gente em quem eu nunca ouvi falar...

É claro que eu, particularmente, não gostei de umas atrações de nomes e tipos meio estranhos (é o meu gosto, ok?). Mas o evento vale muito por ter Flávio José, Alceu Valença e Elba Ramalho.

veja detalhes do Jornal Alô Brasília:

Começa nesta quarta-feira a 3ª edição do Maior São João do Cerrado

A 3º edição do evento acontece em Ceilândia e vai ocupar um espaço de mais de 40 mil metros quadrados no Ceilambódromo. Com a fogueira quase pronta e o forró na ponta dos pés, a animação já toma de conta na maior cidade satélite de Brasilia, que está em clima de arraiá. Após o sucesso das 2 primeiras edições, o projeto que faz parte do calendário oficial de eventos oficiais do DF, tem uma programação diferente e inovadora.

Consagrado pelo povo e toda a mídia local, o maior evento de São João fora de época do Brasil destacou a cidade Satélite de Ceilândia nas primeiras páginas dos jornais locais como "A Capital do Forró", comparando com as mais tradicionais festas populares do País, como Caruaru (PE) e de Campina Grande (PB).

05/08 – FLÁVIO JOSÉ e Raminho do Baião
06/08 – GAROTA SAFADA, Asas do Forró e Bob Nixon
07/08 – ELBA RAMALHO, Xodó na Rede, Nilson Freire e Chico Ramalho
08/08 – CAPIM CUBANO, Paulinho do Forró, Forró Brasileirão e Nega Maluka
09/08 – ALCEU VALENÇA, Trio Siridó e Forró Lunar.
*E mais de 50 grupos musicais e folclóricos do Distrito Federal, que se apresentaram nas ilhas de forró e na Praça dos Mamulengos.

Horário: De 05 a 09 de agosto (de quarta a domingo)
Endereço: Ceilambódromo - Ceilândia
Preço: Entrada franca.

Com informações da Assessoria

domingo, 2 de agosto de 2009

Mais homenagens a Luiz Gonzaga, na imprensa brasileira

Pessoal, deem uma olhada nos jornais e sites por aí hoje. Nem todos se lembraram que hoje completam 20 anos que nosso velho Lua se foi.

Mas o repórter Cristiano Bastos escreveu duas reportagens sobre Luiz Gonzaga. Uma saiu no Jornal de Brasília (e como o conteúdo do impresso só é disponível na internet para assinantes, não pude copiar o texto, mas comprei o jornal e vi) e outra no site da revista Rolling Stone. Esta consegui pegar e está abaixo. Só um detalhe: como vocês, leitores, sabem, o nome do filme que fiz com o Galton Sé é Por Amor ao Forró, não Movimento Pé-de-Serra Moderno, como saiu na matéria. Mas vale a pena conferir o texto na íntegra no site da revista, que está dividido entre 20 anos sem o Elvis do Sertão e Luiz Gonzaga: o Rei do Disco, que é uma entrevista com Tárik de Souza sobre nosso ídolo.

Abaixo, uma delas:

20 anos sem o Elvis do Sertão

Por Cristiano Bastos

Luiz Gonzaga popularizou um ritmo típico do nordeste, em uma época em que o preconceito musical era forte; relembre a história do Rei do Baião

Agosto de 1989. O mês e o ano que levaram embora o mito Raul Seixas carregou, também, outra poderosa lenda da música brasileira: Luiz Gonzaga do Nascimento - também festejado como "O Rei do Baião", "Gonzagão" ou "Lua". Por excelência, Gonzaga foi o ourives nordestino de inestimáveis pérolas da chamada "Música Popular Brasileira". Basta citar uma delas: a universal "Asa Branca", legitimador tesouro da corroída nomenclatura "MPB" - da qual, no século 20, muito pouco (ou nada) restou de popular.

Nascido no dia 13 de dezembro de 1912, na localidade de Exu, sertão pernambucano, Gonzagão partiu no dia 2 de agosto de 1989, há 20 anos. A maior influência brasileira do conterrâneo nordestino Raul Seixas foi o Rei do Baião: "Luiz Gonzaga tinha um remelexo 'elvispresleiniano'", aludiu publicamente, mais de uma vez, Raulzito. Como lembrança dessas duas décadas que se passaram - após o pai da "Asa Branca" "voar para o sertão celestial" -, a Som Livre lançou a coletânea do artista na série Sempre. Um álbum repleto de clássicos para fazer a manutenção da eternidade de canções como "Respeita Januário", "Sabiá, Baião", "O Xote das Meninas", "Qui nem Jiló" e "A Vida do Viajante". Em 2009, o cantor Zé Ramalho lançou um álbum em sua homenagem, intitulado Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga.

Ainda sem data de lançamento, também está previsto para chegar ao mercado o DVD reunindo Gonzagão e o cearense Raimundo Fagner, em estúdio, no ano de 1984, quando da gravação do disco que lançaram juntos naquele ano. A Sony/BMG - que detém quase todo o extenso catálogo do velho Lua na velha RCA Victor (assim como milhares de fonogramas adormecidos de Nelson Gonçalves) -, poderá reeditar alguns títulos. O mais difícil, no entanto, será condensar a trilha-sonora do filme que vem por aí em breve, o qual vai contar a história de Luiz Gonzaga nos moldes heróicos de Dois Filhos de Francisco, cinebiografia de Zezé di Camargo & Luciano.

Homem simples, no preâmbulo da grandiosa aventura que dedicou à música, Gonzaga trabalhou na lavoura. O menino gastava suas horas de folga para aprender sanfona com seu pai, o imortalizado Januário da canção. Aos 12 anos, acompanhava o pai em bailes e festas. Perto dos 18, mudou-se para Crato, no Ceará, onde virou corneteiro no 23º Batalhão de Caçadores. Viajou por Minas Gerais e São Paulo até chegar ao Rio de Janeiro, no final dos anos 30. Desligou-se da vida militar e passou, então, a dedicar-se exclusivamente à música. Assinou contrato com a Rádio Nacional e, daí em diante, popularizou ritmos como xaxado, forró, coco, xote, ciranda, embolada e, claro, baião.

De Recife, Pernambuco, o guitarrista e vocalista da banda punk Love Toys (cujas influências "urbanas" são Dead Boys e Black Flag), o xará Luiz Manghi, analisa que Gonzagão revelou ao Brasil um ritmo tipicamente nordestino em uma época em que o preconceito com esse povo era bem forte. "Costumo dizer que ele fazia uma versão nordestina do blues. Um som que tinha sua base temática na difícil vida do nordestino." O jornalista e crítico musical Tárik de Souza divide a mesma ideia: "Enquanto Presley foi o "Cavalo de Tróia" da negritude num país racista, Gonzaga colocou o nordeste, com sua cultura refinada e seus costumes peculiares, no mapa da MPB.

Era um momento de urbanização do sudeste, em que nordestino era encarado como peão de obra, cabeça chata, ser inferior. O Rei do Baião desvelou a diversificada cultura deste povo, então encarado de forma pejorativa" (confira bate-papo com Tárik - e as cinco canções essenciais de Gonzaga, na opinião do crítico ). De fato, Luiz Gonzaga é influência para gente de todas as extremidades do Brasil. No Rio Grande do Sul, o guitarrista de jazz Gulherme Almeida (da banda Pública - seu pai, Iraci Rocha, por sua vez, é dos nomes mais respeitados da música nativista gaúcha) diz que a acordeona do velho Lua soava as notas cantadas pelo nordeste.

Para Guilherme, além de todo mérito artístico - como compositor, instrumentista e intérprete -, a identidade de Gonzaga, na música nacional, foi muito bem estabelecida. "No momento em que um artista assume a cultura da sua região, ele acorda um compromisso com seu povo, de retratar aquela vivência: hábitos, sotaque, vestimenta".

Do nordeste ao sul, o guitarrista discorre, há grandes artistas que arremessaram a cultura de seu povo ao mundo. Assim como Jamie Caetano Braun (um dos maiores poetas/pajadores do RS), em seus versos, canta "Tenho a xirua mais linda do que a flor da macanilha (flor típica dos pampas gaúchos)", do outro lado, Luiz Gonzaga dispara - valendo-se, também, de sua flora para ambientar seus versos: "Mandacarú, quando fulora na seca, é um sinal que a chuva chega no sertão".

O Rei do Baião fez muito sucesso dos anos 50 aos 80. Ele criou a ideia de chamar o forró autêntico de "pé-de-serra". O ritmo, explica a jornalista brasiliense Adriana Caitano, ainda é mantido pelos nordestinos que lutam por deixá-lo vivo - apesar das trágicas misturas sofridas pelo gênero com o passar dos anos. "O período no qual mais se ouve forró no Brasil é o das festas juninas. Mas ele não existe só nessa época e nem só no nordeste", observa Adriana, que é autora do documentário Movimento Pé-de-Serra Moderno* e mantém um blog a respeito (www.forropedeserradf.blogspot.com).

Segundo a estudiosa, para os nordestinos, principalmente os mais velhos, Luiz Gonzaga foi um pai. Foi quem mostrou ao mundo que a cultura de lá também tinha seu imenso valor. "Luiz Gonzaga foi um marco. A música brasileira divide-se entre antes e depois dele". Para os jovens forrozeiros de hoje, que não o viram vivo, explica Adriana, Luiz Gonzaga é quase um santo: "Um mito que parece renascer toda vez que alguém ensaia uns acordes na sanfona".

O recifense Paulo Vanderley, além de comandar o site Luiz Lua Gonzaga, alimenta uma relação de cordial amizade com a família de Luiz Gonzaga. Paulo se diz admirador, também, da obra do sobrinho de Lua, o sanfoneiro Joquinha Gonzaga - o qual, segundo ele, está dando continuidade à qualidade do trabalho ensinado pelo tio. Nos anos 80, ainda criança, ele morou em Exu, momento em que teve o prazer de conhecer e conviver com "Seu Luiz". De lá para cá, Paulo agilizou bíblico trabalho de pesquisa: adquiriu todos os seus discos e digitalizou, aproximadamente, 400 revistas contendo reportagens a respeito do mestre.

Em meio a fantásticas histórias, para preservá-las, criou o museu virtual Luiz Lua Gonzaga. Ele destaca uma envolvendo - para variar - o "Malcolm McLaren" brasileiro, o agitador Carlos Imperial. "Ele anunciou que os Beatles estariam prontos para entrar em estúdio e gravar 'Asa Branca', composta por Gonzaga e Humberto Teixeira. Imperial espalhou que a gravação entraria no álbum de capa branca..."

A falsa notícia, publicada em diversos veículos, rendeu tremendos dividendos a Luiz Gonzaga, justamente quando ele não ocupava a parada musical nas capitais. "Todo mundo queria saber a verdade: se eu tinha ganhado dinheiro com essa história toda. Não passou de uma grande mentira", deixou bem claro o Rei do Baião, em uma entrevista dada em Recife. O sucesso, contudo, nunca terminou para ele. Revive sempre que seu musical nome é pronunciado: Luiz Gonzaga.

Veja fotos de Gonzagão e ouça a entrevista com Tárik de Souza no site da revista:
http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/5950/
http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/5951/

Tem reportagens sobre ele também nos seguintes sites:
Jornal O Norte
Avol
Portal Uai


*O nome do filme, na verdade, é Por Amor ao Forró

20 anos sem Luiz Gonzaga - minha homenagem ao forró pé-de-serra

No dia 2 de agosto de 1989, em Recife, morria, vítima de parada cárdio-respiratória, o maior representante da cultura popular brasileira. Hoje, 20 anos depois, é dia de homenagear Luiz Gonzaga do Nascimento, o grande Rei do Baião. Será que os brasileiros sabem valorizar sua memória?

O que eu, Adriana Caitano, acho de Luiz Gonzaga*:

Para os nordestinos, principalmente os mais velhos, Luiz Gonzaga foi um pai, foi quem mostrou ao mundo que eles existiam e o valor da cultura de lá. Para o Brasil, Luiz Gonzaga foi um marco. A música brasileira se divide entre antes e depois de Gonzagão, não seria a mesma sem ele. E para os jovens forrozeiros de hoje, que não o viram vivo, ele é quase um santo, um mito mesmo, que parece renascer toda vez que alguém no mundo ensaia uns acordes em uma sanfona.

O velho Lua foi o responsável por mostrar ao restante do país o valor do povo nordestino. Ele foi o primeiro a falar sobre o Nordeste verdadeiro em suas músicas, falou da seca, das dificuldades pelas quais o nordestino passa. Levou ao Sudeste a música que ele ouvia quando criança e conseguiu ficar famoso com ela. A música brasileira não seria a mesma sem ele.

Até hoje suas canções são lembradas e regravadas por artistas de todo tipo. Até em japonês já gravaram uma música dele e recentemente o grupo O Rappa fez uma versão bem moderna para Vozes da Seca. Luiz Gonzaga também foi exemplo de vida, pela força com que encarou doenças, dificuldades, falta de reconhecimento. É, sem dúvida, um mito que deveria ser mais lembrado e cultuado por todo brasileiro.

Explicando Gonzaga (e o movimento pé-de-serra):

Luiz Gonzaga é considerado um dos maiores mitos da música brasileira, fez muito sucesso dos anos 50 aos 80, e difundiu os ritmos nordestinos Brasil afora. Ele criou a ideia de se chamar o forró autêntico, o que ele costumava fazer, de forró pé-de-serra. O ritmo ainda é lembrado pelos nordestinos, que tentam deixá-lo vivo apesar das misturas que o forró sofreu. O período em que mais se ouve forró no país é o de festas juninas. Mas ele não existe só nessa época e nem só no Nordeste.

Em Brasília e em todo o Sudeste, há um grupo de jovens que deixou as influências modernas de lado e resolveu pesquisar e reviver aquele forró tradicional, o pé-de-serra de Luiz Gonzaga, com triângulo, sanfona e zabumba (importante: o que caracteriza o forró pé-de-serra não é necessariamente a quantidade de instrumentos, mas a forma como a música é tocada). Esses jovens fazem parte do movimento pé-de-serra, ou a nova geração do estilo. Eles são mais que apaixonados, são viciados por essa cultura de raiz.

A maioria deles escuta forró o dia inteiro, vai ao forró quase todo dia, viaja para os festivais de forró pelo menos três vezes por ano e lá ficam ouvindo mais e mais forró, 24 horas por dia! Eles são de uma verdadeira comunidade. Mesmo morando em estados diferentes, todos se conhecem, trocam informações, ficam amigos mesmo. E as bandas não ficam fora disso, lá longe no palco, não. Todos os integrantes dos grupos musicais desse estilo são amigos entre si e muito próximos do público. Quase não há diferença entre eles – público, bandas -, são uma coisa só, praticamente.

O mais curioso disso tudo é que, para esses jovens, quanto mais antiga for a música, melhor. Eles escutam e regravam canções feitas quando eles nem sonhavam em nascer por artistas que ou estão bem mais velhos, como Mestre Zinho, ou até já morreram, como Marinês, Jackson do Pandeiro, Ary Lobo...

Saiba mais sobre o rei:
Você, forrozeiro ou admirador de Gonzaga, aproveite esse período de saudade para saber mais sobre o velho Lua. Procure vídeos no youtube, leia as letras, ouça as músicas e pesquise sobre sua vida. Comece pelo site www.luizluagonzaga.com.br, onde há histórias, vídeos e músicas dele. Se quiser ir mais a fundo, leia o livro "Vida de Viajante, a saga de Luiz Gonzaga", que é a melhor biografia feita sobre o rei.

*(entrevista dada a um repórter do Jornal de Brasilia e do site da Rolling Stone)
/

Ainda coloco aqui os versos feitos por Reginaldo Silva, que foi amigo e produtor de Luiz Gonzaga. Na entrevista que ele nos deu para o filme Por Amor ao Forró, ele disse:

“Luiz Gonzaga foi uma fonte,
onde muitos beberam água.
Hoje a fonte está vazia,
só a lembrança deságua.
Mas, se preservarem,
um dia a água volta e não se acaba”.

Ele ainda disse, pra encerrar:
"Cada um de nós é um Luiz Gonzaga. E enquanto existir um Luiz Gonzaga, o forró está vivo."

Não deixe a memória de Gonzagão morrer! VIVA LUIZ GONZAGA!

Deixe nos comentários a sua homenagem!


**não se esqueça da referência se for reproduzir este texto, usei mesmo minhas palavras para escrevê-lo!